Restos de Colecção: Cinema-Teatro Tivoli

21 de maio de 2014

Cinema-Teatro Tivoli

O Cinema-Teatro “Tivoli”, situado na Avenida da Liberdade, em Lisboa, foi inaugurado em 30 de Novembro de 1924. Projectado pelo arquitecto Raúl Lino, e mandado construir por Frederico Lima Mayer sob a égide do luxo e requinte, num estilo neoclássico, demorou 4 anos a ser construído.

Inaugurado, com o filme “Violetas Imperiais”, a sua capacidade em albergar 1114 espectadores faziam dele a maior sala de cinema de Lisboa.

«Todas as condições de uma casa do genero, condições modernas, em que o conforto se alia á sobriedade e ao bom gosto, estão reunidas no Tivoli para a tornarem uma das primeiras, se não a primeira sala de espectaculos da capital.
Foi com «films» escolhidos que o Tivoli se inaugurou como cinema, mas em breve passará a variedades, enquanto nele se não apresentarem companhias teatrais, para o que á nova casa nenhuma das condições exigidas lhe falta.
Bem merecem os nossos louvores os que concorreram para dotar Lisboa com uma tão bela casa de espectaculos.» in: “Diário de Lisboa

Cinema Tivoli.5

Notícia em Dezembro de 1924

1927

Março de 1932

“Programa” de Novembro de 1932

Bilhete

Tendo iniciado a sua actividade ainda no tempo do cinema mudo, o “Tivoli” foi dotado para “fono-cinema” em 1930, tendo em Novembro desse mesmo ano sido apresentado o primeiro filme sonoro - “A Parada do Amor”. Em 8 de Agosto de 1934 seria estreado o fono-filme português “Gado Bravo” realizado por António Lopes Ribeiro  pela “Invicta Filmes”.

  

No “Tivoli”, numa determinada época, trabalhou um projeccionista um que era marreco e daí em diante, cada vez que havia um problema com a película, alguém da assistência berrava: «Ó Marreco! Olha o som!»

A partir daí muitas das grandes obras cinematográficas mundiais passaram por esta sala de cinema como:

“ O Mundo a Seus Pés”, “O Ditador”, “Belinda – Escrava do Silêncio”, “Duelo ao Sol”, “A Túnica”, “O Rei e Eu”, “A Pousada da Sexta Felicidade”, “Lawrence da Arábia”, “Música no Coração”, “Hello Dolly”, “O Padrinho”, “O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes”, “Oficial e Cavalheiro”, A Golpada”, etc.

10 de Janeiro de 1966

 

Desde 1925 nesta sala foram,também, exibidas peças de teatro. Neste palco apresentaram-se, então, companhias tão célebres como a “Comédie Française” e o “Teatro do Vieux Colombier”. Pisaram também o palco do “Tivoli”, em espectáculos musicais, entre outros os maestros Igor Stravinsky, “Sir” Thomas Beechan, Frederico de Freitas e Ivo Cruz, os pianistas Sequeira Costa, Maria João Pires, Tania Achot, Rubinstein e José Viana da Mota, o violinista Yehudi Menuhin, a violoncelista Guilhermina Suggia, e o coro dos “Pequenos Cantores de Viena”.

Cinema Tivoli.16

Cinema Tivoli.17

“Salão de Chá Tivoli”, cuja publicidade pode ser vista no “Programa” de Novembro de 1932 que publiquei mais acima, e com entrada ao lado do “Lis Hotel”, conforme foto

 

O famoso “Quiosque Tivoli” mesmo em frente ao Cinema-Teatro “Tivoli”

Quisque Tivoli.1

Em 1973, o “Tivoli” deixou de pertencer à família Mayer tendo sido adquirido por João Ildefonso Bordallo. Em 1989, o “Tivoli” foi adquirido pelo empresário espanhol Emiliano Revilla que, pouco depois, vendeu a maioria das suas acções a uma empresa de capitais espanhóis.

Antiga máquina de projecção

 

Após um período de encerramento o “Tivoli” reabre as suas portas em 1999, como “Teatro Tivoli” tendo entretanto sido objecto de obras de remodelação, mantendo no entanto as traças originais. A sua capacidade passou  a ser de 1088 espectadores, ficando vocacionado para teatro e principalmente concertos.

 

 

Em 2004 o “Teatro Tivoli” foi adquirido pela “Lx Skene” empresa de capitais portugueses e actual proprietária.

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Arquivo Municipal de Lisboa, Tivoli, outras actuais cedidas pela D. Teresa Miranda.

2 comentários:

Graça Sampaio disse...

Isto sim, eram cinemas!! Que saudades! Tantos filmes bons vi lá e no São Jorge e no Monumental! A até no saudoso Londres e no Império. Que saudades!

Unknown disse...

fascinante universo da fuga da imagem do tempo passado.

Existirá ainda algum dos pintores autores dos cartazes gigantes dos filmes de outrora?

Jean-Yves Blot

jyblot1405@yahoo.fr