Restos de Colecção: dezembro 2010

31 de dezembro de 2010

Livraria Bertrand

A História do Livro e das Livrarias em Portugal, está associada obrigatoriamente aos Franceses. A partir do séc. XVIII, verificou-se a vinda de Livreiros Franceses para Portugal, onde se inclui o nome de Pedro Faure, que viria a fundar a “Livraria Bertrand’” "Pode dizer-se que os franceses estavam nesta altura para o livro em Portugal como os ingleses haviam de estar , tempo depois, para o vinho do Porto", afirma António José Saraiva , no estudo que fez sobre a Bertrand.

Pedro Faure abre em 1732, uma Livraria na Rua Direita do Loreto e para assegurar a sucessão, casa a filha com Pierre Bertrand, um seu conterrâneo livreiro. Este, juntamente com Jean Joseph, seu irmão, dá origem à “Livraria Bertrand’”

O negócio corria bem, mas o terramoto de 1755 acabou por devastar a Livraria. Este incidente pôs em perigo a continuação do negócio, que viria a ser abandonado por Pierre, mas o seu irmão, mais persistente, não desiste. O seu genro foi obrigado a instalar-se junto da Capela de Nossa Senhora das Necessidades, regressando, dezoito anos depois, à reconstruída baixa pombalina, e em 1773, e a Livraria Bertrand renasce na Rua Garrett, onde se mantém até hoje

Em 1912 a propriedade da “Livraria Bertrand” é da firma “Aillaud Bastos & Alves”, editores de Paris, Lisboa e Rio de Janeiro.

                                                            A Livraria Bertrand na Rua Garrett, em 1912

                       

                                 

Mais do que uma livraria, a “Livraria Bertrand” assumiu-se como um local privilegiado de tertúlia, funcionando como uma espécie de clube literário.

                

                                  Loja na Rua Garrett                                                          Loja na Avenida de Roma

  

                                                                    Interior da loja na Avenida de Roma

  

Alexandre Herculano, foi um dos notáveis mais assíduos, que para além de lá publicar os livros, não faltava também à tertúlia diária. Para além de Herculano, outras figuras da Geração de 1870 por ali passaram. Oliveira Martins, Eça de Queirós, Antero de Quental e Ramalho Ortigão eram alguns dos "habitués", que utilizavam este espaço para falar de política e literatura.

Nos finais do século XIX, o Chiado era uma zona de eleição da cidade de Lisboa, e a Livraria era frequentada pela melhor sociedade lisboeta, por aqui passando desde liberais e conservadores, burgueses e Aristocratas, incluindo o próprio D. Pedro II do Brasil.

                                                                            Armazéns na Amadora

  

           

Aquilino Ribeiro foi outro dos notáveis que frequentaram a Bertrand. De tal forma, que foi criado o "Cantinho do Aquilino" na primeira sala do lado direito. Dizem os mais antigos que este era o espaço predilecto de Fernando Namora, Urbano Tavares Rodrigues e José Cardoso Pires para a conversa sentada.

                               

                                     

fotos in: Arquivo Municipal de LisboaBiblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital 

Em Abril de 2010, a “Livraria Bertrand’”ganha lugar o World Guinness Record para «os mais antigos livreiros em actividade» e a Livraria Bertrand do Chiado, em Lisboa, ganha o World Guinness Record para «a mais antiga livraria em actividade».

A “Bertrand Livreiros” é o nome de uma rede com 53 livrarias espalhadas pelo país e integra formalmente o Grupo Porto Editora desde 30 de Junho do ano passado.

30 de dezembro de 2010

Publicidade aos Caminhos de Ferro (1)

                                       1906 …                                                        … 1920

                    

                                                 1923 …                                                           1930 …           
                                      
                     

                                                     1930 …                                                     … 1940

                      

29 de dezembro de 2010

Garagem “O Comércio do Porto”

Quando foi terminada a instalação da sede do jornal "O Comércio do Porto", na Avenida dos Aliados e contíguo a este, pensou-se no aproveitamento do terreno sobrante, sendo resolvido utiliza-lo de forma a que um dia viesse a servir de expansão das actuais instalações. Foi então tomada a iniciativa de construir um edifício de sete pisos, sendo quatro deles destinados a garagem, e os três restantes destinados a quarenta e cinco escritórios de aluguer, ligados por uma escada helicoidal.

O edifício da “Garagem O Comércio do Porto" propriedade da empresa do jornal “O Comércio do Porto” foi projectado pelo arquitecto Rogério de Azevedo e construído entre 1928 e 1932. Está localizada num gaveto da praça Dona Filipa de Lencastre, encostado ao edifício sede do mesmo jornal que se volta para a Avenida dos Aliados, no Porto.

Edifícios do Jornal e Garagem de “O Comércio do Porto”

Embora apresentando soluções formais e estilísticas bastante diferentes, os dois edifícios foram projectados pelo mesmo arquitecto Rogério de Azevedo. «De facto, o edifício do Comércio do Porto sintetiza as referências Beaux Arts contidas em algumas das grandes construções deste monumental espaço público, articulando-as com a sintaxe arte déco que conhecia nessa altura grande divulgação na cidade».

Inicialmente sobre as portas de entrada da Garagem, aproveitando uma grande superfície de parede, foi desenhado em parcelas, o mapa das estradas de Portugal elaborado com pequenas pedras escuras, anos mais tarde retirados por motivos óbvios.

 

A Garagem desenvolve-se em vários pisos, ligados por uma rampa helicoidal

Garagem Comércio do Porto.2 

Os andares superiores eram ocupados por escritórios e habitação, possuindo entradas independentes

Garagem Comércio do Porto.3  

Fotos in:  Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

O edifício é composto por sete pisos, ou seja, cave, rés-do-chão, quatro andares e mansarda. A Garagem ocupou a cave, rés-do-chão e os três primeiros andares destinados a recolha de automóveis, que se comunicam por uma rampa rodoviária, por escadas e ascensores. O quarto andar e a mansarda, viriam a ser ocupados por quarenta e cinco escritórios, como já foi referido no início.

Na cave, que também servia para recolha de automóveis, instalou-se uma oficina de reparações automóvel, recinto de lavagem de carros, lubrificação e dependências para guarda de recipientes com óleo e lubrificantes. O acesso dos carros necessitados de reparação era feito por monta-cargas, e os restantes por meio de rampa.

Postais publicitários

       

No verso destes postais podia-se ler: «em esplendidos recintos fechados, serviço especial de lavagens, lubrificações, modelar assistência eléctrica, cabines, telefone do Estado e da Companhia».

Postal publicitário

23 de dezembro de 2010

Lotaria em Portugal (2)

                                                                     Bilhete de 1791 …

                                  

                                                                        …  de 1843 …

                                  

                                                                         … de 1894 …

                                  

                                                                        … de 1909 …

                                  

                                                                          … de 1934

                                  

22 de dezembro de 2010

“Carrosserie” de um Automóvel em 1912

Num artigo da Revista Ilustração Portuguesa, de Fevereiro de 1912, ficamos a saber como era construída uma “Carrosserie” de um automóvel no ano de 1912.

                                  

                                  

                                  

fotos in.: Hemeroteca Digital

21 de dezembro de 2010

Alguns Stands de Automóveis

              Cogel - Soc. de Comércio Geral, Lda.                              Soc. Portuguesa de Automóveis, Lda.

 

                                 Ford Lusitana                                                                           Sorel

 

         Consórcio Imperial de Automóveis, Lda.                                                General Motors

 

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

20 de dezembro de 2010

Empresas de Navegação a Vapor

As companhias de navegação portuguesas nasceram no século XIX, impulsionadas pela massificação da máquina a vapor, vivendo o seu apogeu e declínio no século XX. As primeiras grandes companhias de navegação nascem em Portugal no século XIX.

As viagens marítimas, entre Lisboa e Porto, tiveram o seu início com a aquisição do primeiro navio a vapor português o “Lusitânia” em 1821 com o navio Lusi­tânia. Foi aquirido pela empresa ‘João Baptista Ângelo da Costa & Cª ‘, mas essa carreira foi suspensa em 1823, após um naufrágio em 1823 junto a Ericeira.

Em 1825 um novo vapor é adquirido, pelo mesmo proprietário, denominado “Restaurador Lusitano” retomando as viagens entre Lisboa e Porto.


foto in:
Do Porto e não só

O “Restaurador Lusitano” naufragou a 11 de Setembro de 1832, quando se dirigia para o Porto ao serviço de D. Miguel durante a Guerra Civil.

No ano de 1821 o “Conde de Palmella” , construída em Liverpool, e propriedade da empresa ‘João Baptista Ângelo da Costa & Cª ‘, foi o primeiro vapor a navegar no rio Tejo. A sua viagem inaugural aconteceu a 27 de Janeiro de 1821. Para essa viagem histórica, entre Lisboa e Santarém, cada passageiro pagava 480 réis até Vila Franca e 960 réis até Alqueidão.

Em 1838 o primeiro de cinco vapores, a pás e com casco em aço, chegaram de Inglaterra, onde tinham sido encomendados. Foram eles o ”Tejo” de 112 tons., o “Sartórios” de 117 tons., “D. Pedro”, “Infante D. Henrique”  e “Viriato”.

Estes vapores eram pertença da ‘Companhia do Tejo e Sado’, mudando de designação para: ‘Companhia de Navegação do Tejo por Barcos Movidos por Vapor’. Esta companhia adquiriu o  “Almansor” (78 tons)   e o “Camões” (58 tons), construídos em Newcastle em 1853 e 1855 respectivamente. esta companhia faliu em 1868. Em 1860 Frederico Burnay fundou a ‘Vapores Lisbonenses’  e criou uma frota de modo a fazer ligações entre Lisboa, Cacilhas, Seixal, Aldeia Galega (Montijo), Trafaria e Cascais. A partir de 1888 esta frota de vapores passou para a ‘Frederico Burnay Sucessores’  antes de ser adquirida pela ‘Parceria dos Vapores Lisbonenses’, em 1899.

‘Parceria dos Vapores Lisbonenses’

 

Título da ‘Empreza Portuense de Navegação por Vapor’ e um bilhete de viagem Porto-Lisboa, de 1847.

A ‘Companhia de Navegação a Vapor Luso-Brasileira’ é criada em Outubro de 1852, devido ao crescimento da emigração de portugueses para o o Brasil. Foi seu fundador Joaquim Pinto Leite, financiado pela firma Pinto Leite & Brother, do Porto, em conjunto com uma sociedade de investidores residentes em Portugal e no Brasil. Teve ao seu serviço dois vapores: “Donna Maria Segunda” (1853-1859) de 1.534 tons e capacidade para 406 passageiros e “Dom Pedro Segundo” (1855-1857) de 1.519 tons e capacidade para 406 passageiros. Encerrou por motivo de falência em 1957. Até então e a partir de 1851 eram os navios da ‘Mala Real Inglesa’ que garantiam as ligações a vapor entre Portugal e o Brasil.

 

        fotos anteriores in:  Galeria de Christian Gollnick

Um exemplo de um paquete a vapor de 1889: o paquete “Loanda’”, pertença da companhia ‘Mala Real Portugueza’ (1891-1903)

Paquete “Loanda”

Conhecimento de carga do navio “Ambaca”, em 1905

No início do século XX , apenas duas, a ‘Empresa Insulana de Navegação’ e a ‘Empresa Nacional de Navegação’  subsistem, dividindo entre si a posse de uma pequena frota mercante.

Reflectindo um período de maior estabilidade na navegação a vapor em Portugal, foi criada em Ponta Delgada em 1871, a ‘Empresa Insulana de Navegação’ (EIN), a primeira a desenvolver a sua actividade por um longo período (1871-1974). No início a empresa possuía dois vapores, o "Insulano" (de 877 toneladas de arqueação bruta e lotação de 186 passageiros) e o "Atlântico" (de 1032 toneladas de arqueação bruta e lotação de 110 passageiros) que se destinavam às ligações marítimas entre as ilhas do arquipélago.

Após a perda destes navios a empresa adquiriu os paquetes "Funchal I" e "Açor", considerados muito modernos para a época, e o "Benguella" que iniciou em 1885 o serviço transatlântico - Lisboa, Cádis, Boston e Nova Iorque, fazendo escala nos Açores.

Só nos finais dos anos 40 início dos anos 50, começaram a chegar a Portugal, navios equipados com propulsão diesel:

Em 1946 a CCN - ‘Companhia Colonial de Navegação‘(1922-1974), recebe o 1º navio a propulsão diesel o navio de carga e passageiros “Benguela” (1946-1974).  Máquina: 1 motor diesel de 6 cilindros a 2 tempos ‘Burmeister & Wain’, modelo 674VTF, número 363, com 5.400 bhp a 105 rpm; Velocidade: 13 nós (atingindo15.45 nós de velocidade máxima).

O primeiro paquete de passageiros desta companhia com propulsão a diesel foi o “Uíge” em 1954. Máquina: 1 motor diesel Burmeister & Wain nº. 6410, tipo 874VTF-140, de 8 cilindros a 2 tempos, com 6 850 bhp a 125 rpm, 1 hélice. Velocidade: 16 nós. Passageiros: 571 (78 em 1ª classe., 493 em turística). Tripulantes: 150

                           “Benguela” (1946-1974)                                                       “Uíge” (1954-1978)

 

Noutros artigos com a etiqueta “barcos”, poderão ser vistos paquetes, navios de pesca, rebocadores, etc a vapor.